sexta-feira, julho 07, 2006

Portugal no Mundial

Foi com tristeza que a nação portuguesa viu o jogo das meias contra a França e que levou Portugal a disputar o jogo menos apetecido, o de atribuição da medalha de bronze. Infelizmente Portugal mantém a tradição de perder com a França, o que a juntar à derrota de 66 com a Inglaterra dá um parcial de 1 vitória em 4 meias-finais de Campeonatos da Europa ou do Mundo, e na que ganhámos, em 2004 em Portugal contra a Holanda, acabámos por perder a final com a Grécia. É por isso uma triste tradição mas que temos mantido.

Apesar da tristeza há que ressalvar o excelente percurso da nossa selecção nos últimos anos (exceptuando quando foi liderada por António Oliveira). Em 2000 atingimos a meia-final do Campeonato da Europa da Holanda/Bélgica, em 2004 atingimos a final, pela primeira vez na nossa história, do Campeonato da Europa de Portugal e agora mais uma meia-final do Campeonato do Mundo. É preciso continuar com esta consistência para que, um dia, possamos ser campeões.

Em baixo faço um resumo da prestação de alguns jogadores neste mundial com a respectiva nota, de 0 a 5, à frente do nome:

Ricardo (5) – Esteve inexcedível, não só porque defendeu penáltis mas também porque melhorou muito naquilo em que era criticado, a insegurança com que saía fora dos postes, nomeadamente, a bolas cruzadas, já que dentro dos postes é e sempre foi muito bom. Foi regular durante todos os jogos, roçando a perfeição, e é um forte candidato à equipa ideal da FIFA apesar de existir Gianluigi Buffon.
Miguel (5) – Esteve ainda melhor do que no Europeu. Defende cada vez melhor e, no ataque, continua a desequilibrar pela explosividade e a forma como integra as situações de contra-ataque apoiado. É a melhor aposta de Portugal para o 11 ideal da FIFA.
Fernando Meira (4) – Foi uma surpresa pela positiva, foi mesmo a revelação da selecção. Apesar de ter sido visto como um substituto que não estava à altura de Jorge Andrade (e não está), conseguiu estar em bom plano, principalmente nos jogos contra a Inglaterra e França em que recuperou muitas bolas através da antecipação aos avançados que marcava. É também muito forte no jogo aéreo, nomeadamente na área defensiva. Apesar de alguma irregularidade conseguiu superar as expectativas.

Ricardo Carvalho (5) – Já nos habituou a excelentes exibições desde os tempos em que jogava no Porto. É rápido, forte, tem bom jogo aéreo, apesar de ser relativamente baixo para defesa central. Esteve muito bem em toda a prova mas não esteve perfeito, no entanto, há que ter em conta que é o pronto socorro da equipa, dobra tanto Meira à sua direita como Nuno Valente à sua esquerda e ainda sai com a bola nos pés. Apesar de ter tentado não conseguiu marcar golos, principalmente em cantos onde é mais forte. É também candidato a integrar a equipa ideal embora seja difícil porque só há um lugar disponível para centrais, ao lado de Fábio Cannavaro.
Nuno Valente (1) – Uma lástima, um jogador sem qualidade para jogar na selecção. Seria melhor reconhecer que Portugal não tem defesas esquerdos decentes e adaptar um jogador de outra posição como Paulo Ferreira ou Marco Caneira. É lento, defende mal (que o diga Van Persie que o humilhou nos oitavos) e não faz um cruzamento decente no ataque. Necessita sempre do apoio de Ricardo Carvalho ou Costinha/Petit para não ser ultrapassado. Como não comprometeu contra a França não lhe dei 0.

Costinha (3) – É um jogador lutador e com forte jogo aéreo, no entanto esteve abaixo das suas qualidades nesta prova, nomeadamente ao nível físico, mostrou-se cansado e com poucos movimentos ainda assim é importante na estrutura de Scolari na pressão ao criativo adversário e no sentido táctico a cortar linhas de passe. Não apareceu em nenhuma situação de cabeceamento nas áreas adversárias. Parece que os 6 meses de inactividade lhe pesaram e em alguns jogos deveria ter saído mais cedo.
Maniche (3) – O tractor da equipa, um jogador que deve muito à inteligência, nomeadamente nos remates absurdos e sem perigo que faz de fora da área que acabam sempre em perdas de bola para Portugal. Ainda alguém tem que lhe explicar que remates de 40 metros não são para todos e, sem dúvida, não são para ele. As situações em que criou perigo foram sempre dentro da área e não fora. Apesar da sua sede de protagonismo que, claramente, prejudica a equipa reconheço-lhe o espírito combativo e a capacidade física. Os anos têm-lhe permitido distinguir entre agressividade e agressão.
Petit (2) – Esteve ao nível dos outros 2 trincos já mencionados mas poderia ter estado melhor. Nos jogos em que jogou não comprometeu mas também não foi uma mais-valia. Se tivesse jogado mais teria tido uma nota mais alta.

Luís Figo (4) – Esteve em bom nível, o melhor possível perante a condicionante física dum jogador com 33 anos e muitos anos de alta competição nas pernas. Já não é possível vê-lo a desequilibrar nas alas mas a qualidade técnica mantém-se, cada bola cruzada para a área é meio golo. Foi um verdadeiro líder dentro do campo e fora manteve sempre um discurso equilibrado mas vencedor. Provavelmente será a última vez que representa Portugal e por tudo OBRIGADO FIGO.
Cristiano Ronaldo (3) – Começou mal a prova, parecia
desgastado fisicamente. Sempre muito agarrado à bola não conseguiu produzir o que era esperado dele. O bom remate que tem de fora da área não resultou nem o jogo aéreo, nomeadamente em cantos. Marcou 1 golo, de penálti, e marcou o último penálti que eliminou a Inglaterra nos quartos. Só pudemos assistir ao seu alto nível de jogo contra a França em que foi assobiado do inicio ao fim do jogo. Nesse jogo foi o melhor português com arrancadas com a bola controlada, remates perigosos, diagonais e passes sempre a alta velocidade. É pena que tenha sofrido uma lesão por entrada violenta de Boularouz nos oitavos. Espera-se muito deste jogador no futuro, será que ele aguenta a pressão?
Simão Sabrosa (3) – É um jogador que tem a função de desequilibrar nas alas, cruzar, rematar e marcar golos. Não foi titular mas foi o mais utilizado dos suplentes, quando jogou esteve em bom nível mas quando a importância dos jogos era maior (na fase de eliminatórias) esteve pior. Não fez a diferença nem contra a Inglaterra nem contra a França, no entanto parece que a sua cotação de mercado aumentou. Que tenha boa sorte no seu próximo clube.
Deco (1) – Deste jogador espera-se tudo mas ele não fez na
da em nenhum jogo. Cansado depois duma época desgastante no Barcelona onde foi campeão europeu, não conseguiu ser o marcador de jogo da selecção. Não é possível a Portugal, actualmente, ganhar seja o que for sem Deco em grande forma. Costuma ser um jogador rápido, principal municiador de Pauleta e faz também a diferença a defender onde habitualmente comete muitas faltas que cortam os ataques adversários. Nada disso fez. Só não lhe dei 0 pontos porque marcou o golo inaugural do jogo contra o Irão.
Tiago (2) – Mourinho disse dele que é dos melhores em todos os aspectos do jogo mas não executa rápido. Apresentou-se no mundial ainda mais lento do que o habitual e não foi uma mais valia quando substituiu Deco. Pode-se argumentar que rende mais se jogar na posição de Maniche, como médio volante sem preocupações exclusivas de apoiar o ponta de lança, no entanto, podia ter feito mais porque vale muito mais, nomeadamente nos desequilíbrios que cria quando entra na área para finalizar, o que não aconteceu.
Hugo Viana (2) – Apesar de ser discutível a sua convocatória e de ser claramente o elo mais fraco do meio campo criativo, acabou por ser o melhor quando jogou. Entrou muito bem contra a Inglaterra tanto a rematar à baliza como a apoiar o avançado centro como também a mudar rapidamente o flanco de jogo com passes compridos mas certeiros a aproveitar zonas menos povoadas (lembro que a Inglaterra jogava com menos 1 jogador). Deveria ter entrado contra a França. Se tivesse jogado mais teria merecido uma nota melhor.

Pauleta (2) – É uma pena que o recordista de golos marcados pela selecção não consiga jogar bem em nenhuma fase final de Campeonatos do Mundo ou da Europa. É o melhor que temos mas poderíamos ter bem melhor. Apesar de não estar em forma desgasta-se imenso tanto a defender como na procura de espaços para receber a bola. Há que admitir que raras são as vezes que a bola lhe chega em condições de finalizar, no entanto, peca por não conseguir funcionar como pivot, recebendo e segurando a bola na entrada da área para distribuir em desmarcação.
Hélder Postiga (0) – Uma lástima, uma miséria, ridículo, dá vontade de rir e de chorar ao mesmo tempo. Todos os adjectivos depreciativos são poucos para o caracterizar. Não é capaz de receber uma bola sem estar fora de jogo, não é capaz de fazer um passe certo, é lento e não sabe rematar à baliza para além de ser baixo. É o principal responsável pela fama de batoteiros que os portugueses têm (e justa), por tudo e por nada, seja qual for a situação, óbvio ou não, está sempre a atirar-se para o chão para enganar o árbitro. Pessoalmente acho que não tinha lugar em nenhuma selecção que esteve presente na prova.

Luíz Felipe Scolari (5) – O grande obreiro dos feitos de Portugal no mundial. Um homem inteligente que compreendeu desde o início que uma equipa ganhadora é diferente dum conjunto de estrelas. Convocou Ricardo Costa, Hugo Viana, Luís Boa Morte e Hélder Postiga porque sabe que são jogadores que se não jogarem não desestabilizam o grupo ao contrário de Vitor Baia, Ricardo Quaresma, Sérgio Conceição, João Pinto e até mesmo Tonel, Ricardo Rocha ou Beto. Com isto e um discurso mobilizador consegue unir e segurar o grupo e levá-lo a transcender-se. Foi isso que fez na selecção brasileira quando foi campeão mundial e foi isso que fez no Euro 2004 em Portugal. Para além de grande líder é também excelente na arte de moldar a opinião pública em seu favor e defender o seu grupo contra tudo e contra todos, quem não se lembra da célebre história de dizer que viu Figo a rezar à Nossa Senhora do Caravaggio depois de o substituir contra a Inglaterra no Euro 2004! Por incrível que pareça o ponto mais fraco de Scolari é mesmo a capacidade de analisar o jogo no momento. A escolha de Postiga em detrimento de outros foi o seu maior erro, é mesmo incompreensível.
Segundo veicula a imprensa desportiva, Scolari não vai continuar a dirigir a Selecção Nacional de Futebol, espero que, a ser verdade, os dirigentes da FPF resistam à tentação de contratar um seleccionador português.

8 Comments:

At 11:25 da tarde, julho 07, 2006, Blogger RD said...

Claramente os melhres de Portugal, não contando com o grande timoneiro Felipão; foram Ricardo, Meira, Miguel, Maniche, Figo, e claro Ronaldo pelo nº de fintas... Entrtnto essa 1ª foto podia ser 1 bocadinho mlhor...

 
At 9:07 da manhã, julho 08, 2006, Blogger A MAGIA DO FUTEBOL said...

Não concordo minimamnete com o que dizes do Nuno Valente. No resto subscrevo.

 
At 9:07 da manhã, julho 08, 2006, Blogger A MAGIA DO FUTEBOL said...

Não concordo minimamnete com o que dizes do Nuno Valente. No resto subscrevo.

 
At 9:50 da manhã, julho 08, 2006, Anonymous Anónimo said...

3 ao Maniche???? Para mim ele foi o melhor jogador de Portugal no Mundial.
2 ao Pauleta, eu dava-lhe 0 mas como marcou 1 golo a grande angola leva 1.
O homem não sabe marcar em jogos dificeis.

 
At 10:07 da manhã, julho 08, 2006, Blogger Martins Pringles said...

Não devias falar da prestação da nossa selecção antes dela ter terminado!

E esqueceste-te de falar do Nuno "Gomes".

 
At 2:43 da tarde, julho 08, 2006, Blogger Filipe said...

o nuno gomes quase não jogou por isso optei por não falar dele, o unico jogo em que entrou não tinha tanto interesse como os outros e ele não mereceu destaque.
na minha opinião o mundial já acabou para portugal, este jogo que falta disputar é uma forma da fifa ganhar mais dinheiro, não tem qualquer tipo de interesse desportivo.
quanto às avaliações individuais cada um terá as suas, na minha opinião ricardo carvalho é melhor jogador português da actualidade e cannavaro é, até agora, o melhor jogador do mundial.

 
At 9:53 da manhã, julho 10, 2006, Anonymous Anónimo said...

Devo manifestar aqui a minha indignação perante está crónica! uma cronica meramente pessoal e sem fundo de informação, mas sim de opinião. O maniche que já por muitos foi considerado o melhor jogador portugues, para mim nao foi no entanto esteve em excelente plano. qt ao nuno valente, penso que em todos os jogos cumpriu, e se esteve menos bem contra a holanda, muito se deve tambem á qualidade de jogo do van piersi. devo tambem dizer que foi algo injuto o comentario a fernando meira, ("não estava à altura de Jorge Andrade (e não está)"), se é certo que tb eu tinha duvidas qt ás diferenças deste com jorge andrade, devo reconhecer que esteve completamente á altura... sendo mesmo dificil ou impossivel fazer melhor, visto nao ter tido uma unica falha que me lembre!

 
At 4:34 da tarde, julho 10, 2006, Anonymous Anónimo said...

5 para scolari parece muito...nem sempre este bem...penso que teve algum mérito mas na qualidade de psicologo da seleção agora ao nivel de treinador esteve uns furos bem abaixo :) :) No dia em que o Nuno fazia anos coloca a nódoa do postiga, o nuno nesse dia marcava de certeza :(

 

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